Fratura de femur
A fratura do fêmur proximal é mais comum em pessoas idosas, tanto do colo do fêmur como da região trocantérica.
Existe uma maior tendência a acidentes doméstico nesta fase de vida, devido a diminuição da visão, diminuição de força muscular e dos reflexos, alterações da pressão, doenças neurológicas, osteoporose, dentre outras causas.
Nos jovens a principal causa está relacionada a traumas de alta energia, como acidentes de carro, moto ou quedas de altura.
Existem dois pontos básicos a serem vistos:
1 – Prevenção de Quedas
A queda é provocada por circunstâncias multifatoriais, resultando ou não em dano/lesão. Considera-se queda quando o paciente é encontrado no chão ou quando, durante o deslocamento, necessita de amparo, ainda que não chegue ao chão. A queda pode ocorrer da própria altura, de um plano mais elevado (subir na cadeira), da maca/cama ou assentos (cadeira de rodas, poltronas, cadeiras, cadeira higiênica e vaso sanitário).
Prevenir quedas a longo prazo significa fazer prevenção e tratamento adequado de doenças crônicas priorizando hábitos de vida saudável, com boa alimentação e atividades físicas de rotina.
DICAS DE PREVENÇÃO DE QUEDAS:
– No Domicílio:
# Não deixar tapetes soltos.
# Retirar objetos do chão e eliminar fios expostos no piso.
# Não encerar o piso, para não deixá-lo mais escorregadio.
# Evitar guardar objetos em prateleiras altas.
# Evitar mesas de centro, cestas de revistas ou vasos de plantas em áreas de circulação.
# Preferir cadeira com braços de apoio para auxílio ao levantar e sentar.
# Ao acordar, esperar alguns instantes antes de se levantar, para evitar tonturas.
# À noite, não se deslocar sem ter uma luz acesa. Pode ser até a lanterna do celular.
# Usar tapete antiderrapante no banho.
# Instalar barras de apoio ao lado do vaso sanitário e box do chuveiro nos banheiros.
# Os animais de estimação são grandes companheiros, mas podem atrapalhar a marcha ou provocar quedas. Tenha cuidado redobrado.
– Vestuário:
# Evitar calçados de salto alto, salto fino ou solado liso.
# usar calçados confortáveis e com solado antiderrapante
– Fora do Domicílio:
# Evitar andar em locais pouco iluminados
# Evitar andar em locais com o piso molhado
# Optar por bolsa de ombro, mochila ou pochete, para que as mãos estejam livres para se segurar ou se proteger em caso de escorregão ou queda.
# Usar bengala e andador, se necessário (não é hora de teimosia ou vaidade)
# Cuidado ao subir e descer degrau, meio-fio ou plano inclinado (rampa de acessibilidade)
– Visão:
# Consultar regularmente com oftalmologista.
# Se for indicado, use sempre óculos
# Quando estiver andando em local ensolarado, use proteção tipo óculos escuros ou chapéu, para que a claridade excessiva não prejudique a visão.
– Estilo de Vida:
# Manter uma dieta adequada, com aporte maior de proteínas (para melhorar a sarcopenia).
# Cuidado ao ingerir bebidas alcóolicas. O álcool diminui os reflexos e pode causar desequilíbrios.
# Mesmo com pressa, evite correr.
# Praticar atividade física regularmente, como caminhadas, alongamentos e exercícios de reforço muscular. Por exemplo: Pilates.
# Tome seus medicamentos regularmente; coloque lembretes para não esquecê-los (pode ser no celular)
-Escadas:
# Usar os corrimões dos dois lados, com as duas mãos.
# Marcar o primeiro e o último degrau da escada com uma fita luminosa.
# Manter uma boa iluminação da escada e não colocar tapetes nela.
DICA DE OURO:
# Quando o idoso estiver sozinho, ANDE SEMPRE COM O CELULAR NO BOLSO OU PENDURADO NO PESCOÇO.
Já nos deparamos com muitas ocasiões em que o idoso ficou horas caído no chão por causa da fratura, sem conseguir pedir socorro.
Se mesmo assim deparar-se com o acidente doméstico com o idoso, uma avaliação médica ortopédica precoce é essencial para um diagnóstico e tratamento adequado.
A confirmação da queda, identificação de dor em quadril ou pelve associada à impotência (incapacidade de se levantar e caminhar) e eventuais deformidades ou encurtamentos do membro acometido, indicam necessidade de encaminhamento imediato para atendimento de urgência ortopédico e de preferência com acionamento de atendimento domiciliar para remoção do indivíduo em ambulância (SAMU ou semelhante).
O idoso que cai e não consegue andar ou claudica (manca) referindo dor na virilha ou na coxa, deve ser avaliado por um ortopedista. Fraturas incompletas ou pouco desviadas podem permitir a deambulação dando a falsa impressão de não ter tido consequências mais sérias. Continuar andando pode completar e/ou desviar a fratura implicando em maior gravidade na lesão e ou tratamentos mais complexos e com maior risco.
2- Tratamento Precoce
Confirmada a fratura e a necessidade de correção cirúrgica, o paciente deve ser internado imediatamente. O Padrão-Ouro é a cirurgia precoce, em até 48 horas após a fratura, e de preferencia com uma avaliação clínica. A cirurgia pode ser de fixação da fratura (hastes ou placa e parafusos) ou a substituição da articulação por uma prótese de quadril, dependendo do caso. É o ortopedista quem vai definir a melhor conduta.
Inicia-se fisioterapia precoce, e busca-se colocá-lo na posição sentada o mais breve possível, a fim de trazer o idoso ao seu ambiente e rotina, evitando assim outras co-morbidades como delirium, depressão, TVP (trombose), escaras, infecções.
Busca-se sempre o retorno ao convívio social o mais rápido possível.
Apesar de todo esforço no melhor resultado, sabe-se que muitos idosos não conseguem retornar ao mesmo nível de atividade e independência que tinham antes da fratura. Se o idoso caminhava sem auxílio, poderá precisar de bengala ou andador (por exemplo); ou não conseguirá mais caminhar. Infelizmente, uma parte ainda vai a óbito no primeiro ano de pós-operatório; não por causa da cirurgia em si, mas pelas co-morbidades que descompensam e pela fragilidade da saúde como um todo.
Mesmo assim, cada vez mais estamos tendo resultados favoráveis e melhorando qualidade de vida do idoso.